Dra, quero fazer um check-up

“Faço meus exames de rotina todo ano e isso me ajuda a prevenir doenças” – afirmativas como essa são comuns até mesmo entre os profissionais de saúde. Intuitivamente,  pode parecer sempre bom e desejável realizar check-ups com frequência, Apesar de parecem incontestáveis, acumulam-se evidências de que a maior parte das consultas para somente realizar exames de rotina/check-up não são efetivas ou necessárias, e não reduzem morbidade ou mortalidade, seja geral, por doenças cardiovasculares ou câncer, sobretudo de câncer de próstata, tireóide e de mama. Nesse cenário, se exige um ceticismo rigoroso e científico, realizando rastreamentos ordenados e dependentes  dos resultados de estudos epidemiológicos de alta qualidade que avaliam desfechos finais que interessam aos usuários , as chamadas evidências que importam aos pacientes – POEM (pacient oriented evidences that matter), tais como: mortalidade, morbidade,qualidade de vida etc., confrontadas com os danos envolvidos. Não são relevantes as evidências e saberes sobre eventos e desfechos intermediários (patologias, diagnósticos, níveis de indicadores séricos,parâmetros bioquímicos etc.), as chamadas evidências orientadas para as doenças – DOE (disease oriented evidences) (SHAUGHNESSY et al., 1993; SLAWSON et al., 1994). Assim, há exames, tratamentos e procedimentos que não precisamos. Alguns podem ser muito úteis, outros meros enganos.  Para os profissionais de saúde, exige uma renovada capacidade de crítica e de atualização técnica e demanda um grande aperfeiçoamento de habilidades de comunicação e de capacidade de compartilhar decisões e informações com palavras simples acessíveis aos usuários. 
Menos é mais e muitas vezes é o melhor caminho.